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quinta-feira, julho 26, 2012

Projeto Cuidados e Sentimentos



ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL DOCE INFÂNCIA
Rua Pedro Theobaldo Breidenbach, n° 2332 Conventos - Lajeado
Telefone: 3982 1194





LINGUAGEM DOS CUIDADOS E SENTIMENTOS










“Oba! Legal! Ai! Fui! Nossa! Aprendendo a lidar com os meus sentimentos”!




 PROFESSORA: Andréia Sauthier
ANO: 2012




 





TURMA “E” 2012




1.   Embasamento Teórico:


CUIDADOS E SENTIMENTOS

“Sentimentos de forma genérica, são informações que seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam”.
Acreditamos que a linguagem dos sentimentos é essencial para o desenvolvimento de cada indivíduo, pois é através das ações que o aluno expressa os sentimentos: os seus desejos, os seus anseios, as suas vontades, suas angústias e suas emoções.
Segundo Celso Antunes (p: 17 e 18), até pouco tempo atrás acreditava-se que todo sentimento era espontâneo e que os alunos nasciam moduladas para guiarem-se pela vida da forma como seu genoma as havia esculpido. Hoje sabemos que estas ideias eram tolas e que, ainda que se aceite expressiva influência da biologia, os sentimentos são educáveis que é possível ajudar um aluno a construir bons ou maus sentimentos.
Ensinar os alunos os bons sentimentos é ensinar-lhes ética, essa mesma moral de que o aluno precisara por toda a vida, em qualquer tempo onde quer que seja.
Ao considerarmos o processo de desenvolvimento do aluno, devemos considerar ainda, os aspectos mais básicos da formação da personalidade, como os sentimentos que se produzem a sua volta, sejam eles afeições, simpatias, antipatias, medos, alegrias, bem estar. O desenvolvimento do aluno se dará, normalmente, na direção aquela em que possa ela ser conduzida pelo meio em que viva, seja estritamente familiar ou social de um modo geral.
A questão do desenvolvimento afetivo se encontra intimamente relacionado ao desenvolvimento cognitivo, uma vez que e o aluno está bem afetivamente ela aprende, ela faz.
A questão do afeto diz respeito aos sentimentos, aos interesses, desejos, valores e emoções nas suas variadas dimensões. Sentimentos subjetivos como amor e raiva, aspectos expressivos como sorrisos e lágrima devem ser considerados no desenvolvimento afetivo, pois tem a ver com motivação para o aprender. (- ninguém dá um passo se não tem motivos).
O desenvolvimento afetivo tem profunda influência no desenvolvimento intelectual acelerando, diminuindo, estagnando, direcionando as atividades intelectuais.
Arribas em seu livro Educação Infantil, desenvolvimento, currículo e organização escolar (p: 47) coloca o seguinte:
 “No processo educativo, uma das meta a alcançar é a do equilíbrio e controle emocional. As experiências relativas à vida emocional do aluno nas primeiras etapas de sua existência têm uma importância fundamental para ela. Um clima sereno, tranquilo, com afeto sentido e manifestado de maneira adequada, constitui o marco apropriado para o desenvolvimento de uma personalidade saudável e equilibrada. O clima afetivo da escola de educação infantil deve reunir também essas características”.
Para Maria Augusta Sanches Rossini (2001) a pedagogia afetiva é a teoria de enternecimento das relações escola-família-sociedade transformando e formando os alunos em indivíduos sensíveis, conscientes, solidários, enfim, indivíduos preocupados com o social e bem estruturados emocionalmente, pois receberam da família e da escola tanto cultura quanto afetividade; atenção e respeito, fundamentos básicos para a mudança basilar da sociedade.
O ser humano é o único ser que ao nascer depende totalmente de cuidados para sobreviver, até estar completamente apto a independência, autonomia.
O indivíduo mesmo encontrando-se apto, necessita relacionar-se, criar vínculo e através disso interioriza valores e regras, produzindo auto-estima, fatores estes que ocorrerão através do cuidar e do sentir.
Neste sentido, as escolas de Educação Infantil assumem papel importante dentro da perspectiva de cuidar os alunos de 0 a 5 anos.
A modernidade trouxe novas visões de cuidar, mulher, criança, família e escola.
Um dos fatores mais importantes foi o da mudança do papel da mulher, o trabalhar fora de casa, realizar-se profissionalmente, autonomia salarial e colaborar com os demais familiares.
Atualmente, muitas famílias ao buscar uma escola de educação infantil, esperam da mesma que os filhos sejam bem acolhidos em sua individualidade, bem como atendidos em suas necessidades básicas.
Por outro lado há um progressivo entendimento por parte dos profissionais de que cuidar do aluno em qualquer situação tem um sentido educativo, um olhar que estabelece uma troca de confiança, de sentimentos, uma manifestação de carinho e de compreensão (a forma de dar de mamar na mamadeira comunica as emoções do adulto e despertam emoções no aluno, proporcionando o desenvolvimento integral e harmonioso do aluno).
Nas escolas não há um conteúdo desvinculado nos gestos de cuidar. Não há um ensino, seja como conhecimento ou hábito que utiliza uma via diferente de atenção a não ser afetuosa, alegre, disponível e promotora da progressiva autonomia do aluno. Nesta organização de situação: cuidado - conhecimento é percebido claramente que as oportunidades de educar e ensinar às crianças, são concepções indissociáveis.
O processo de desenvolvimento infantil se realiza nas interações, que objetivam não só a satisfação das necessidades básicas, como também a construção de novas relações sociais, com o predomínio da emoção sobre as demais atividades. As interações emocionais devem se pautar pela qualidade, a fim de ampliar o horizonte do aluno e levá-la a transcender sua subjetividade e inserir-se no social. Na concepção walloniana, tanto a emoção quanto a inteligência são importantes no processo de desenvolvimento do aluno, de forma que o professor deve aprender a lidar com o estado emotivo do aluno para melhor poder estimular seu crescimento individual.
No âmbito da educação infantil, a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante  dá-se o tempo todo: na sala, no pátio ou nos passeios, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente.
Como afirma Saltini (1997, p. 89), “essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento”.
Estela Mora coloca sobre o papel do professor/educador na questão da construção dos sentimentos/afetividade.
“A tarefa do educador é uma tarefa excepcional. Adequar os métodos pedagógicos à afetividade especifica de cada aluno é a tarefa mais delicada que todo adulto, pai, educador ou professor deve ter sempre em mente. Para isso é preciso levar em consideração à própria visão do mundo infantil que o adulto forma. É fácil se deixar levar por preconceitos educativos caducos e inúteis, incorrer a preconceitos morais e sucumbir a doutrinas religiosas, ou mesmo políticas, que em nada refletem o futuro afetivo do aluno. O aluno esta imersa em um mundo de relações objetais tão fantásticas quanto intensas, e é importante a relação das vivências infantis. É importante que o adulto possa conectar-se com suas próprias vivências da infância, para assim poder brincar com o aluno. Nessas brincadeiras vão se construindo os aprendizados”.
Refletindo sobre isso, Celso Antunes afirma que não há valor algum na “boa intenção” se ela não se transforma em um gesto. Mas se, por um lado, a ação é essencial para caracterizar o sentimento, por outro, ela não surge espontaneamente se não mostrarmos em todas as oportunidades possíveis o “certo” e o “errado”, o “bom” e o “belo”.

AUTONOMIA E COOPERAÇÃO

A autonomia e a cooperação são “hábitos” indispensáveis a serem construídos no cotidiano escolar, visto que os alunos possuem uma dependência intelectual em relação ao adulto nas tomadas de decisões, auxiliando-as a se organizarem em estruturas sociais.
         Sendo assim, devemos fazer com que a educação seja um processo pelo quais os nossos corpos vão ficando iguais às palavras que nos ensinam, ou seja, “somos o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim” (Fernando Pessoa).
         Portanto os alunos precisam ser instigados à experimentação e a formulação de hipóteses para ter as suas próprias respostas.
         Definimos como uma situação de cooperação aquela em que os objetivos dos indivíduos, numa determinada situação, são de tal natureza que, para que o objetivo de um possa ser alcançado, todos os demais deverão igualmente atingir seus respectivos objetivos.
A cooperação está centrada na união e não no “uns contra os outros”. Busca a participação de todos, sem que alguém fique excluído. Por exemplo: o jogo cooperativo tem o objetivo centrado em metas coletivas e não em metas individuais. Ele tem várias características libertadoras. Todos participem para poder alcançar uma meta comum. Ele busca a integração de todos. Ele inclui e não exclui. Criar é construir e, para construir, a colaboração de todos é fundamental.
Segundo Piaget (1963) quando as relações infantis ocorrem entre iguais, a cooperação torna-se uma possibilidade real. Embora o comportamento parcialmente socializado seja evidente desde o início da linguagem falada, ele afirma que é em torno dos sete ou oito anos e com o fim do egocentrismo que ocorre o progresso sistemático da cooperação.
Os alunos têm um potencial para interagir socialmente com os outros enquanto iguais. Com os adultos elas interagem como se fossem inferiores. Os conflitos entre os alunos são superados através da autêntica cooperação.
Piaget (1963) afirma que são os alunos que medeiam a cooperação entre eles. Criam um senso comum de solidariedade social. Ela está baseada na compreensão mútua que resulta na troca de ideias.
Aquelas pessoas que são aceitas pelos outros,  em um ambiente social, também se sentem seguras para explorar, com mais liberdade, os problemas que surgem. Assumem riscos, examinam as possibilidades.
Se enxergarmos o mundo como um ambiente de exclusão, onde não tem o bastante para todos e todos querem o bastante para si mesmos, há uma boa probabilidade de agir individualmente e em oposição aos outros.
De outro modo, se minha percepção da situação é de um contexto de inclusão onda há o suficiente para todos, desde que cada um compartilhe o que tem provavelmente as ações serão de parceria e confiança.
Podemos vivenciar a cooperação como uma prática re-educativa capaz de transformar nosso condicionamento competitivo em alternativas cooperativas para realizar desafios, solucionar problemas e harmonizar os conflitos.
Conforme afirma Kamii, seguidora de Piaget, “autonomia significa ser capaz de considerar os fatores relevantes para decidir qual deve ser o melhor caminho da ação”. Para ela, a autonomia significa o individuo ser governado por si próprio.
Com a crescente maturação física do aluno, vem o desmame, a possibilidade de se locomover sem auxilio e a capacidade de aprender a controlar os intestinos e a bexiga. De certa forma, a crescente maturação física vai libertando o aluno de sua mãe.
Todos esses progressos dão ao aluno um sentimento de independência, de autonomia. Ela sente grande necessidade de auto direção, isto é, deseja fazer sozinha várias atividades: lavar-se, calçar os sapatos, desembrulhar doces... Há também um grande desejo de explorar o ambiente: pegar objetos, abrir gavetas, acender e apagar a luz...
Há adultos que permitem ao aluno explorar livremente o ambiente, concedendo-lhes a oportunidade de fazer sozinha alguma atividade, sem depois censurá-la por ter errado. Desse modo, tais adultos estão atendendo à necessidade de independência do aluno e alimentando seu crescente sentimento de autonomia.
Piaget 1977 trata do desenvolvimento moral e mostra que o aluno passa por duas fases, a anomia e a heteronomia; que são superadas conforme vão ficando mais velhas e evoluindo em suas relações, até conquistar a autonomia.
A anomia caracteriza os alunos de até um ano e meio, que fortemente egocêntricas não conhecem o que é certo e o que é errado, são incapazes de seguir normas. Neste momento, o tipo mais forte de relação que estabelece é o de afeto.
A heteronomia é característica do momento que surge o respeito a regras que são impostas por pessoas mais velhas, que são exteriores ao aluno e ditadas de forma coerciva. Por isso se desenvolve um respeito unilateral em relação ao adulto, baseado em dois sentimentos: o afeto e o medo.
O aluno heterônomo julga segundo o realismo moral, isto é, seguem as regras ao pé da letra. Ela despreza as intenções dos atos e se apega a suas consequências, considerando como boa toda o aluno que segue fielmente às regras dos adultos.
Nesta fase as regras são obedecidas, mas não compreendidas pela sua ação social. Portanto, os alunos são incapazes de julgar com coerência por não entenderem os critérios utilizados na formulação das normas.
Existem alunos de bom comportamento que se rebelam contra a autoridade dos pais e professores. Continuam heterônomas, negam uma ordem, mas não criam a sua, à qual deveriam obedecer conforme suas próprias regras morais.
Formar um sujeito autônomo é possível quando a autoridade adulta é diminuída e se desenvolve respeito mútuo entre adulto e o aluno, criança e criança, possibilitando a construção dos valores morais a partir de discussões e de ações que considerem a opinião e respeitem o grupo a que ele pertence.
A pessoa autônoma não é aquela que faz tudo o que deseja, que se governa sem se importar com as pessoas a sua volta. Pelo contrário, o sujeito autônomo sabe coordenar as regras, ideias, decisões e preferências de seu grupo social, agindo de forma harmônica. Autonomia é auto-regulação. Piaget (1981), capacidade está, adquirida realmente por volta dos sete a oito anos. Até então os alunos percebem e aceitam regras como proveniente de alguma autoridade (pais, professores) chamado por Piaget de respeito unilateral. Elas não raciocinam sobre o que é certo ou errado. Para elas, o que é certo ou errado está predeterminado (pela autoridade) e não sujeito as suas próprias avaliações (de maneira autônoma). Daí a importância do adulto para auxiliá-la na organização afetiva.
Colocar a autonomia como objetivo da educação poderia conduzir o aluno para transformações amplas que ultrapassariam o aprendizado de conteúdos sem significado para a vida. Haveria preocupações com a formação de um ser humano que vive, sente, ama e precisa ser amado, pois:

Desde o nascimento, os alunos lutam para dar sentido às suas experiências, a fim de assimilarem o mundo à sua volta e de serem autônomas em suas construções de conhecimento cognitivo e afetivo. Portanto, a autonomia pode ser entendida com um hábito que os alunos podem começar a desenvolver muito cedo. (Wadswuth, pág. 120, 1960).

As relações sociais estabelecem influência no desenvolvimento da autonomia do aluno. O tipo de relação estabelecida com o adulto e com seus colegas pode reforçar ou libertá-la da heteronomia natural, tanto moral como intelectual.
Os adultos super protetores criarão com o aluno vínculos de dependência, inibindo suas atitudes e tornando-a incapaz de tomar decisões, sozinha.
Para a educação moral que considere a autonomia dos sujeitos como fim, é necessário que conheça a moralidade como o resultado de um processo, onde o indivíduo constrói e reconstrói sua moralidade em suas relações sociais atuando ativamente. A educação deve se dar num ambiente solidário, onde ocorra o respeito mútuo entre todos os integrantes e quando necessário a aplicação de sanções, que estas sejam por reciprocidade, fazendo com que o infrator reflita sobre sua ação.
Acreditamos que através de uma relação de respeito mútuo entre professor e aluno, a cooperação entre iguais e respeitando o aluno como sujeito construtor do seu conhecimento, podemos contribuir para a formação de indivíduos autônomos.
As construções de conhecimento devem ser feitas de forma cooperativa, em grupo, com a interferência provocativa do professor, assim tanto professor como aluno, assumem a postura de pesquisador.
O professor tem papel fundamental no desenvolvimento do aluno, pois ele deve acompanhar todas as etapas do projeto de cado aluno, levantando questionamentos, mas nunca dando respostas certas, dando sugestões mas nunca assumindo postura autoritária, como se ele fosse o “detentor do saber”.
O papel do professor é o de estabelecer questionamentos, permitir o debate entre as opiniões, estimular a participação organizar a discussão, manifestar as diversas hipóteses que irão surgir.
Este processo de investigação resulta na construção de conhecimentos que devem ser organizados e registrados como produtos concretos dessa aprendizagem. E importante que o educador infantil busque com os alunos os procedimentos necessários para se elaborar a leitura de imagens.

As potencialidades do individuo devem ser levadas em conta durante o processo de ensino-aprendizagem. Isto porque, a partir do contato com uma pessoa mais experiente e com o quadro histórico cultural, as potencialidades do aprendiz são transformadas em situações que ativam nele esquemas processuais cognitivos ou comportamentais, ou de que este convívio produza no indivíduo novas potencialidades, num processo dialético contínuo. Como para ele a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, a escola tem um papel essencial na construção desse ser; ela deveria dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim, para etapas ainda não alcançadas pelos alunos, funcionado como incentivadora de novas conquistas, do desenvolvimento potencial do aluno. (Vygotsky 1989)

As regras a serem criadas com a participação efetiva dos alunos são fáceis de ser respeitadas, além de o fazerem com consciência.
Do ponto de vista moral, a cooperação leva não mais à simples obediência às regras impostas, sejam elas quais forem, mas a uma ética da solidariedade e da reciprocidade. Essa moral caracteriza-se, quando à forma, pelo desabrochar do sentimento de um bem interior independe dos deveres externos, ou seja, por uma progressiva autonomia da consciência, prevalecendo sobre a heteronomia dos deveres primitivos (PIAGET: p.l 18).

Vivendo nesta esfera de reciprocidade, respeito mútuo e estímulo ao desenvolvimento intelectual os alunos atingirão o auto-governo.

MORDIDAS

“O primeiro contato do aluno com o mundo é pela boca e morder faz parte disso.” (MELLO, Ana Maria e VITORIA, Telma, pág. 165, 2001).

Observando a reação dos alunos diante das diferentes situações do cotidiano, consideramos ser de fundamental importância aprofundar o conhecimento referente às mordidas, pois a educação infantil faz parte de um meio social e afetivo em que o aluno está inserido. Esta questão deve-se trabalhar desde cedo, auxiliando assim os alunos no seu desenvolvimento emocional.
Mordidas costumam causar inquietações nas escolas, pois nenhum pai ou professor gosta de ver o aluno ser mordido. Os pais das vítimas sentem-se culpados por deixarem o filho em um ambiente que “corra risco”, enquanto os pais do mordedor ficam envergonhados, pois se sentem impotentes frente à situação.
É nos primeiros anos de vida que o aluno aprende a conviver com outros alunos e adultos, bem como conhece o mundo e seu funcionamento. Nesse sentido, pais e educadores devem conhecer cada vez mais as etapas do desenvolvimento infantil, conhecendo dessa forma, os comportamentos emocionais, afetivos e cognitivos característicos de cada fase. Conhecendo um pouco melhor o aluno com qual estamos lidando, torna-se mais fácil criarmos situações voltadas a auxiliar no comportamento de cada uma. Observa-se que necessitamos criar várias situações a fim de instigarmos a afetividade dos nossos  alunos e deste modo, estimulá-las a descobrir diferentes formas de se comunicar com o outro, expressando claramente seus desejos, necessidades e angústias.

“Os educadores concordam que umo aluno se desenvolve através de brincadeiras e jogos que estão relacionados, encaminhando-se de estágios mais primitivos para outros mais elaborados. Se os adultos que cercam umo aluno a impedirem de vivenciar, compreender e dominar cada etapa do seu desenvolvimento, ao invés de ajudarem, correm o risco de tardar a conquista da maturidade e da compreensão de mundo do aluno.” (Isabel Parolin - 2003)

O primeiro contato que o aluno estabelece com o mundo é pela boca, onde explora e experimenta os diferentes objetos, aumentando cada vez mais o seu conhecimento sobre o mundo. Descobre diferenças de peso, formas, texturas e tamanhos, sendo que a cada bocada, conhece um pouco mais o mundo à sua volta.
Nos seus primeiros meses o bebê utiliza a sua boca para comunicar-se com as pessoas próximas, expressando-se através do choro, do sorriso e de balbucios. Na medida em que cresce e amadurece, também passa a se comunicar com o mundo através da mordida, onde utiliza a mesma para se defender de uma situação, disputar um brinquedo, ou chamar a atenção da professora ou dos pais. Esta passa a ser uma forma de comunicação enquanto a linguagem verbal não está estabelecida. Dessa forma, a mordida faz parte do desenvolvimento do aluno até em torno dos 3 anos de idade. Recurso este que desaparece quando a linguagem estiver mais desenvolvida.
         Quando o aluno morde está tentando expressar alguma coisa a qual ainda não conseguiu fazer de outra forma, para livrar-se de um incomodo, para chamar a atenção da mãe ou da professora, para pegar um brinquedo do colega ou para simplesmente morder e observar a reação do outro.
         Seja qual for o motivo da mordida devemos cuidar para não rotular o aluno como mordedor, pois quando se rotula alguém de algo, todos passam a esperar que ele volte a fazer, a ter novamente a mesma reação. Mesmo que esta expectativa seja de forma sutil o aluno percebe, consequentemente gera uma ansiedade que pode levá-la a dar novas mordidas. Se mordida acontecer reforça-se a ideia de que ela é mordedora. Assim aumenta-se a expectativa e a ansiedade e ela morde mais uma vez, criando assim um ciclo sem fim.
         Os professores e os pais devem agir com calma, sem dramas ou escândalos diante das mordidas. É importante esclarecer para o aluno, a dor que se sente, bem como a ajudar a encontrar outras formas de se comunicar. Mostrar possibilidades de expressar suas emoções, através da fala e dos gestos. 


2.  Objetivos:

*    Proporcionar um ambiente rico em estímulos, com o intuito de trabalhar os sentimentos a partir do desenvolvimento de cada aluno frente a situação de aprendizagem.
*    Propiciar diferentes situações de modo a estimular a construção dos variados sentimentos, como o respeito pelo próximo e o compartilhar dos mesmos brinquedos e espaços.
*    Estimular a expressão dos sentimentos e emoções através das diferentes situações de aprendizagem, a fim de conhecer o seu eu.
*    Apresentar sensibilidade às dificuldades do outro e buscar ajuda-los, reconhecendo as diferenças individuais.
*    Desenvolver o auto conhecimento, reconhecendo os seus sentimentos e suas emoções.
*      Desenvolver práticas de assistência, cuidados e proteção, pois são necessárias para o desenvolvimento infantil e indispensável à sobrevivência saudável de qualquer ser humano;
*      Proporcionar um ambiente rico em estímulos, a fim de que o aluno possa desenvolver a sua autonomia;
*      Iniciar o processo de construção do hábito de cooperação, centrado na união,  em um senso comum de solidariedade social, baseada na compreensão mútuo aluno – aluno e ou professor – aluno;
*      Oportunizar momentos de troca de carinho e afeto, para que o aluno tenha a possibilidade de expressar-se de diferentes formas com os colegas;
*      Perceber que o aluno descobre o mundo em sua volta através da boca e que a mordida passa a fazer parte deste processo de descoberta;
*      Conscientizar os professores da importância em buscar conhecimento sobre as fases de desenvolvimento afetivo infantil, a fim de que eles possam lidar com maior segurança diante de situações vividas com os alunos;

3.  SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM POSSÍVEIS DE SEREM REALIZADAS
·         Massagens de relaxamento a fim de trabalhar o toque, a expressão corporal, sentimentos e atenção;
·         Pintura em cima da cartolina. Os alunos irão dançar em cima da cartolina, descalços, ao som de uma música, a fim de desenvolver a percepção tátil, o toque, a expressão corporal, atenção e coordenação motora ampla;
·         Dançar ao som de músicas diversas, e quando a música para, abraçar o colega a fim de explorar o contato entre o grupo, afetividade, expressão corporal e atenção;
·         Confecção de bonecos. Os pais irão confeccionar bonecos, onde cada aluno irá cuidar do seu, a fim de desenvolver a partição de todos, os sentimentos e emoção frente ao objeto.
·         Estrada das sensações e expressões. A estrada será montada na escola com auxílio de alguns tijolos, onde os alunos irão caminhar em cima, descalços, para sentirem sensações diferentes, expressões diferentes e o toque das emoções.
·         Incentivar os alunos a alcançarem objetos aos colegas, a fim de trabalhar a atenção, percepção visual e emoções.
·         Brincadeira livre na praça, a fim de trabalhar o faz de conta, a imaginação, angústias e suas emoções.
·         Dança em pares, a fim de trabalhar a atenção, os sentimentos e afetividade.
·         Realizar conversas com intenção de valorizar o respeito para com os animais e natureza, a fim de trabalhar a afetividade, sentimentos e emoções.
·         Brincando de matar monstros e lutar imitando seus super-heróis, expressando assim seus sentimentos e emoções.
·         Teatro, mímica e reprodução, expressando assim seus sentimentos, emoções, afetividade e imaginação.
·         Dado dos sentimentos, faremos um dado e em cada face colocaremos uma imagem com algum sentimento e conforme a idade imitarão e ou desenharam o que representou para o aluno este sentimento.
·         Técnicas com diferentes materiais, ou seja, argila, massa de modelar, balões, gesso, para que seja trabalhado o movimento das mãos, o toque, as emoções e sentimentos.
·         Trabalhar com os pais a noção de compartilhar, a fim de trabalhar a partição, a afetividade e a importância de dividir as coisas.
·         Brincadeira do ursinho de pelúcia: em um círculo passar um ursinho para que o aluno faça um gesto de carinho nele e posteriormente fazer no colega os mesmos gestos para trabalhar a afetividade, sentimentos e emoções
·         Dança da cadeira: brinca-se da mesma forma convencional, porém, ao invés de o aluno sair da brincadeira quando faltar uma cadeira, ela sentará no colo de um colega onde se observará o sentimento que estes deixaram transparecer frente ao colega.
·         Integração com outras turmas, e num momento determinado farão uma situação de aprendizagem juntos.
·         Brincar de esconder com um pano, afim de instigar a curiosidade, após, mostra-se a face;
·         Ler e contar a mensagem “Talento das Cores”, estimulando a afetividade entre os alunos: se abraçarem, apertarem as mãos, darem beijos.
·         Corrida de obstáculos: haverá um caminho cheio de obstáculos para os alunos pularem, passarem abaixados, caminhando na ponta dos pés. Todos os obstáculos serão percorridos por duplas (de mãos dadas), tendo como finalidade o trabalho em equipe.
·         Técnica dos palitos de picolé: os alunos receberão um palito de picolé e forçarão para quebrá-lo até conseguir, após receberão vários palitos que serão presos por uma ligueta, os quais os alunos também serão estimuladas para tentar quebrá-los. Os alunos perceberão que não vão conseguir quebrar os palitos quando estão juntos. Através disto, será feita uma conversação com os alunos, explicando a força que têm quando estão unidas, assim como os palitos, que não conseguiram ser quebrados.
·         Contar diferentes histórias que aflorem os mais variados sentimentos, a fim de que os alunos aprendam a lidar e ou vivenciar os mais diferentes sentimentos e emoções.

4.  BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, Celso. A linguagem do afeto: como ensinar virtudes e transmitir valores. Papirus, 3ª edição, 2005.
ARRIBAS, Teresa Lleixà. Educação Infantil. Desenvolvimento, currículo e organização escolar. Porto Alegre, Artmed, 5ªedição, 2004.
MORA, Estela. Psicopedagogia. Infanto-Adolescente A Infância. Ed. Grupo Cultural.
ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Pedagogia Afetiva. Petrópolis, Ed. Vozes, 3ª edição, 2001.
 VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
 WADSWORTH, Barry J. Inteligência e afetividade do aluno, na teoria de Piaget, SP: Afiliada, 1996.
 ZABALZA. Miguel. Como educar em valores na escola. Pátio – Revista Pedagógica. Porto Alegre: ARTMED, ano 4, n. 13, p. 21-24, maio/jul. 2000.

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